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A minha visão sobre Educação. As várias visões sobre Educação e todas as suas (e nossas) variáveis.
“És professora e não sabes isso?” ou “És advogado e não sabes isso?” A lista é interminável..
Existe uma assunção generalizada de que “aquele” conhecimento é absolutamente unânime a partir do momento em que “vestimos aquela” profissão.
Recordo-me de ouvir muitas vezes: “Nunca digas que não sabes” porque o não saber no imediato parece ter-se transformado numa imagem de fracasso. A teoria de que o conhecimento é uma construção e que não fica retido num determinado tempo ou espaço nem numa determinada profissão é recorrentemente deitada por terra quando queremos respostas imediatas.
Existem, obviamente, um conjunto de conhecimentos que devem ser a base para o funcionamento de uma profissão, de um trabalho. O crescimento e ampliação destes conhecimentos são determinados pelas vivências de cada um e pelo seu processo individual de pesquisa e vontade de aprender.
Naturalmente não é legítimo que (por exemplo) um professor de História ao abordar um determinado tema não tenha conhecimentos consolidados. No entanto, é natural que não conheça todos os detalhes de todos os temas que eventualmente os alunos possam questionar. A diferença reside entre o redirecionar essa pergunta porque não sabe e não quer demonstrar, ou assumir que não tem a certeza e por isso pesquisar juntamente com os alunos (partindo assim dos seus interesses).
Há uns anos atrás o meu Coordenador (quando falávamos da idade como sinónimo de mais ou menos experiência) dizia: “Depende. Se ter mais experiência quiser dizer que andou toda a vida a perpetuar um erro, essa experiência não é tão válida”. E sem dúvida é neste aspeto que difere o processo de aprendizagem: A vontade de evoluir e responder aos desafios diários ao invés de fechar os olhos e viver numa pequena redoma de conhecimento, porque foi assim que fez toda a vida, negando o processo de evolução.
Existe um certo poder em não assumir fragilidades, erros, falhas ou incertezas. A máscara da parede inabalável protege-nos e cria distâncias de segurança. No entanto, embora por vezes necessárias, não nos tornam reais nem humanos. Tenho a forte convicção de que a verdadeira segurança e auto-conhecimento reside em ser genuíno. É esta genuinidade (não confundir com ingenuidade) que nos permite criar empatia, porque é real. E é na empatia que se inicia o processo de relação e de conhecimento.
É na nossa honestidade intelectual que reside o poder. O poder de ser livre e de, como qualquer outro ser humano, agarrar e trabalhar as suas fragilidades. De se soltar de uma redoma de conforto e dizer um redondo e seguro “Não sei” Mas quero saber.