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A minha visão sobre Educação. As várias visões sobre Educação e todas as suas (e nossas) variáveis.
A avó vinha à varanda todas as noites de Agosto chamar os netos para se recolherem quando a hora já ia longa.
Ainda em Lisboa pedia à mãe para ligar aos tios para que os primos pudessem ficar as férias todas. Era a casa coração da família, o ponto de encontro dos primos e o ponto de encontro dos tios também.
A avó desdobrava-se a fazer ovos estrelados, batata frita e bolos. Tudo o que era proibido mas que pela mão da avó era permitido.
O avô levava-nos na carroça pela aldeia. Todo um clã de primos descia a rua como se naquele momento, nenhum lugar fosse mais apetecível do que aquele. As gargalhadas eram abraços de segurança e auto estima.
A avó dormia connosco se tivéssemos medo e os seus abraços eram a representação de paz e serenidade. Adormecia leve e rapidamente nos braços da minha avó.
Durante as férias passávamos pelas mãos dos vizinhos, comíamos e brincávamos nas casas próximas e não próximas, seguíamos de bicicleta e dávamos mergulhos no rio. Aos domingos só ouvíamos os primeiros minutos da missa e, um a um, escapávamos para o sofá que dava para quantos primos houvesse.
Hoje, depois de intensas horas a arrumar as caixas de "herança e sucessão", passei pelo quartos dos meus pais, desejei boa noite e sentei-me lá fora a ouvir a noite na aldeia. E naquele silêncio vi as caixas com que as minhas filhas brincaram a tarde toda. Ora como esconderijo ora como foguetão. Passaram a manhã pelas mãos dos vizinhos que as acolhem como sendo um pouco da sua história também.
E nesta quarta geração, ainda não é domingo, mas já se escapam de mim com os primos para entrarem na tenda do jardim, onde cabe só um, enquanto roubam biscoitos da cozinha.