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5 perguntas, 5 respostas com Hugo Moutinho (Mr.Mitsuhirato).

por Maria Joana Almeida, em 28.03.23

1680002882096_Mr Mitsuhirato . photo credit Ana Ba

"O Mitsuhirato é um agente secreto do Porto, infiltrado em Lisboa há muitos anos." E Mr.Mitsuhirato, como se apresenta desde 2006, é um nome incontornável na noite Lisboeta e não só. Entre Incógnito, Lux, Musicbox, Lounge, Plano B, entre outros, são 17 anos de alinhamentos certeiros, momentos catárticos e uma presença consensual e marcante. 

Hugo Moutinho é o nome da persona Mr.Mitsuhirato e despede-se, no próximo mês de maio, como DJ. Ao longo do seu caminho foi manager, agente de bandas, jornalista e editor. A música é a matéria prima da sua atividade mantendo-se atualmente na Rádio Futura e na loja de Discos Louie Louie. 

As noites de 5 e 6 de maio serão certamente inesquecíveis e farão parte de uma memória coletiva, será a última atuação como DJ de Mr.Mitsuhirato no icónico Incógnito em Lisboa. Dizemos, conjuntamente, adeus à personficiação de histórias e memórias e agradecemos por 17 anos de uma parte significativa do que somos musicalmente.

Obrigada Hugo (Mr.Mitsuhirato)

 

 

1 - Olá, Hugo. Numa breve pesquisa sobre ti, o teu nome, a persona Mr.Mitsuhirato, aparece como uma referência incontornável do clubbing alfacinha e ligado à rádio Futura. O Mr. Mitsuhirato esconde que Hugo?

O Mitsuhirato é um agente secreto do Porto, infiltrado em Lisboa há muitos anos. Antes de me dedicar a sério ao DJing e fazer parte da Rádio Futura, que são duas actividades que distam entre si quase 20 anos, fui manager e agente de bandas, trabalhei com editoras, fui jornalista, trabalhei em rádios, editei fanzines e outras actividades ligadas à música. Neste momento, a minha principal ocupação é a loja de discos Louie Louie.

 

 

2 - A tua ligação a esta área, quer como DJ, quer como parte integrante da Rádio Futura, surge como? Qual o trigger que despoletou este caminho e como se foi desenvolvendo?

Desde que me lembro, sempre estive ligado à música. Tinha uma curiosidade imensa em descobrir e absorver tudo o que pudesse e isso fez com que, ainda adolescente, já fosse agente de bandas e tivesse editoras. O DJing sempre foi uma actividade irregular na minha vida até que em 2006 nasce o Mr Mitsuhirato, e levo essa actividade mais a sério. A rádio acontece cedo na minha vida ainda no Porto, logo aos 20 e poucos anos, mas por estar concentrado noutros projectos, acabei por não dar continuidade. Só volto a fazer rádio na Vodafone FM, onde apresentava o programa semanal da Discotexas: Forbidden Cuts, que acaba imediatamente antes da pandemia. Quando o Pedro Ramos da Rádio Futura me convidou para este novo projecto não hesitei em aceitar.

 

 

3 - A música enquanto linguagem universal tem diferentes impactos tocando-nos em espaços muito íntimos. É uma viagem muito pessoal onde ressoam vários ecos. O que te atrai neste mundo? O que esperas e como ressoam em ti os momentos em que passas música?

Ao contrário de outras formas de arte, a música tem um efeito mais imediato nas pessoas. Tem a capacidade de nos elevar ou de nos abalroar. É costume dizer-se que a música salva e quando estou a passar música tento construir uma narrativa que faça sentido na minha cabeça e que ressoe nas pessoas. Nem sempre resulta, mas quando acontece em pleno fico muito feliz.

 

 

4 - Ao longo destes anos nesta área (não sei precisar quantos? – 17 anos) há naturalmente histórias, momentos que te marcaram. Gostava que partilhasses alguns.

Em 2006, estava a passar música em Leiria, depois de um concerto dos Art Brut e quando passei um tema dos Vicious Five, remisturado pelo Moullinex (provavelmente a sua primeira remistura), liguei ao Xinobi (que fez parte da banda) para ele ouvir. Já eram duas da manhã e tinha o telemóvel desligado. Na altura não podia imaginar que, anos mais tarde, estaríamos a trabalhar os três juntos na Discotexas.

A 17 de Janeiro de 2016, o Lux organizou uma matinée chamada Loving the Alien, em homenagem a David Bowie que tinha falecido uma semana antes. Éramos imenso DJs e coube-me fechar a noite no Bar. Durante o “All My Friends” dos LCD Soundsystem, que devia ser a última música da noite, subi para cima da mesa e comecei a dançar, a cantar e a incitar ainda mais o público. A meio da música vejo que o Manuel Reis, o dono do Lux, está a assistir a tudo. No final da música veio ter comigo à cabine, e quando eu estava à espera de um raspanete por ter estado em cima da mesa, deu-me um abraço e pediu-me para passar mais uma música.

Certo dia recebi uma mensagem que me deixou muito feliz. Duas mulheres, que se tinham apaixonado durante um dos meus sets no Musicbox, iam casar-se nessa semana.

A noite de 7 de Março de 2020 ficará para sempre na minha memória, porque foi o último DJ set que fiz antes do primeiro confinamento. Já se falava da Covid 19, já havia infecções, mas ninguém sabia como estar no meio de tanta gente. Não sei se quem encheu o Incógnito nessa noite, consciente ou inconscientemente, sentia que não iria ser possível dançar num clube durante muito tempo, mas o certo é que foi uma daquelas noites em que a entrega dos dois lados foi enorme. Por ter sido uma noite tão especial, acabei por elaborar uma playlist no Spotify com os temas que passei. Partilhei nas redes sociais durante o primeiro confinamento e as reacções deixaram-me muito emocionado. Ainda agora me falam dessa noite e de como a playlist ajudou a superar as saudades de estar com quem mais gostavam e dançar.

 

 

5 - Esta última questão tem sempre uma componente educação vs cultura. Enquanto espaço criativo e reflexivo, de que forma é que a música tem uma componente educativa? Ou melhor, de que forma é que a música pode ter um impacto naquilo que deve ser a Escola?

Para mim a escola, se complementar o ensino de um instrumento com formação musical, nos seus vários domínios, contribuirá para a agregação dos alunos, respeito pela diversidade, enriquecimento intelectual e cultural.

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publicado às 16:47


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