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Cinco perguntas, cinco respostas com Luís Osório

por Maria Joana Almeida, em 01.02.18

luis osorio.png

 

Conheci o Luís através de alguns programas de televisão, entrevistas e dos seus livros. É uma “apresentação” recente, mas depressa criei uma enorme empatia pelas suas palavras e forma de escrever.

O Luís, tal como o próprio considera, tem um percurso incatalogável. Jornalista, escritor, consultor, tem revelado um percurso que assume como livre. E é precisamente essa liberdade e (acrescentado por mim) sensibilidade e perspicácia no que observa que podemos encontrar nas suas respostas a estas cinco perguntas.

 

Obrigada Luís.

 

 

1 - Luís, fale-me um pouco do seu percurso profissional, desde o tempo em que foi jornalista até às atuais atividades que exerce neste momento. Quais as suas motivações?

 

- É um percurso talvez incatalogável. Os meus amigos jornalistas definem-me como escritor, os escritores como jornalista, os de televisão como de imprensa, os de imprensa como de televisão. Sempre quis fazer o que em cada momento me apetecia, não me prender a nada, ser livre. Com duas preocupações sempre: a de ser profissional e rigoroso, a de intervir no largo universo das ideias, da criatividade e da procura. A minha motivação é de viver o mais intensamente possível. 

 

 

2 - O Luís transmite uma grande sensibilidade na sua escrita e uma afetividade contagiante quando fala em pessoas e espaços significativos que se traduzem na descrição detalhada de várias caraterísticas quer físicas quer psicológicas. Os afetos, a proximidade são, no seu entender, a força motriz das nossas relações?

 

- Não. Acho que a força motriz é a capacidade de nós próprios, absolutamente sozinhos, desenharmos o nosso caminho. É desse apaziguamento e convicção que se parte para as relações com os outros e com o mundo.  

 

 

3 - Sei, pelo que li, que é fã, como eu de Woody Allen. Recordei há pouco tempo um dos seus filmes e um dos meus preferidos, Annie Hall, o qual termina com esta frase: "E lembrei-me de uma velha anedota: Um tipo vai ao seu psiquiatra e diz:"O meu irmão é louco, pensa que é uma galinha" E o médico diz: "Porque não o interna?" E ele responde "Eu internava, mas preciso dos ovos"

É mais ou menos isto que eu sinto sobre as relações entre pessoas. São totalmente irracionais, loucas e absurdas..mas nós vamos aguentando porque precisamos dos ovos.". Gostaria que a comentasse.

 

- As relações entre as pessoas são também irracionais. E têm uma dimensão de imprevisibilidade que as torna extraordinárias e dilacerantes. Sobretudo quando as pessoas têm uma aspiração de liberdade. Isso fá-las desenvolver um mecanismo de proteção, a construção de um mundo que apenas a elas pertence, um reduto de liberdade que pode ser de loucura para os outros. Mas as pessoas também são racionais nas suas relações, mas essas não são muito interessantes. 

 

 

4 – Quem são as suas grandes referências que o influenciaram na sua escrita? O que o move e como é feito todo este processo criativo?

 

- Não tenho referências diretas na escrita. Gosto muito de alguns escritores, sigo-os quase religiosamente. Philip Roth ou Javier Marias, entre os de sucesso. José Saramago entre os portugueses. O processo é muito orgânico, muito natural. Tenho as ideias e deixo-as amadurecer em silêncio, ficam a medrar. Depois volto a elas e abandono-as para sempre ou dou-lhes guarida entre os meus fantasmas.  

 

 

5 – Porque este é um blog de Educação e quando falamos em Educação não falamos, evidentemente, só da Escola, mas de todas áreas e espaços que influenciam a nossa personalidade, gostaria que o Luís apontasse os grandes desafios que existem atualmente nesta área. Do que precisam os nossos jovens?

                             

- Não sei o que dizer, sinceramente. O mundo, e o país, está cheio de pessoas que falam do que não sabem. Nada sei. Sei que há centenas de pessoas que pensam sobre o tema. Sei que muito se tem melhorado, todos os índices o provam. Sei que os professores não são dignificados, como se fossem apenas um bando de gente que pode ser instrumentalizada e não o centro do sistema (com os alunos). Sei que existe um desfasamento entre o mundo académico e o meio empresarial. E sei que os nossos jovens precisam muitas vezes de um desígnio, uma motivação que transcenda os seus desejos. O país necessita de criar uma dinâmica na sua educação, nas suas políticas educativas; os casos de sucesso no mundo, tanto o coreano como o finlandês, têm isso muito presente. 

 

 

Mais informações sobre Luís Osório  - https://escritores.online/escritor/luis-osorio/

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publicado às 16:18


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