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Distâncias

por Maria Joana Almeida, em 26.04.17

miradouro.jpg

 

 

É um texto sobre amor. O amor também educa.

 

Gosto de miradouros. Gosto muito de miradouros. Aprecia-se a distância, à distância num lugar fixo, onde se pode sempre voltar, como um lugar reconfortante.

 

É um lugar de abraços. Abraçar pessoas, abraçar ideias, abraçar causas. É um lugar de despedidas e de reencontros. De resgates emocionais.

 

Lembro-me da imagem de muitos professores, do alto dos seus miradouros, já na reforma, que permanecem de olhos brilhantes quando recordam nomes, locais, abraços a pessoas, abraços a causas. Não só aqueles com e onde foram felizes, mas também os momentos de decisões difíceis, porque, numa analogia pueril ao filme Inside out, a tristeza é uma das chaves fundamentais para que possamos evoluir.

 

A distância permite o início do processo de relativização, aquele que cria uma certa nostalgia, que embala ideias e pensamentos. Ajuda a quebrar ciclos. Nos miradouros das nossas vidas permitem recomeços.

Enche-nos de mais bagagem ao mesmo tempo que limpa a mente separando e eliminando o que não interessa. Arruma a casa e reorganiza os nossos diferentes palcos: escola, trabalho, relações.

As distâncias são às vezes desejadas (as férias, uma interrupção) mas muitas vezes não são pedidas. Aparecem como a única hipótese para evitar um acumular de emoções que baralham a máquina e que nos conduzem aos "over" (estrangeirismos) do século XXI: overload, overthinking, overcoming burn out.

Deparei-me hoje com a frase de um filme After the reality -  "There's a loss of all that was, and then there´s a loss of all that wasn´t. It´s the "wasn't" that seems to drive folks a little nutty." (Há uma perda em tudo o que foi e uma perda em tudo o podia ter sido. E é “o que poderia ter sido" que nos desorienta.)

 

No miradouro a apreciar Lisboa os "over" dão lugar aos "under". Lisboa torna-se ainda mais bonita quando olhamos de outro ponto, do ponto onde não estamos e onde sonhamos com o que ainda pode ser.

 

 

Às vezes é preciso parar, contemplar, para continuar a ter caminho para andar.

 

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publicado às 14:21


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