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A minha visão sobre Educação. As várias visões sobre Educação e todas as suas (e nossas) variáveis.
O ano letivo terminou e entramos agora num momento de pausa para recarregar energias e preparar o reinício de uma nova etapa que esperamos sempre trazer boas reflexões e vontade de concretizar ideias. Assim como este espaço que retomará em Setembro comemorando nessa altura o seu primeiro ano de existência.
Neste último texto, antes das férias, quero salientar as medidas anunciadas ao longo deste ano letivo que despertaram algumas reticências e aquelas que considero serem, finalmente, uma lufada de ar fresco em relação aos últimos quatro anos no mundo da Educação.
Na categoria das (….)
- A suspensão dos exames do 4º e 6º ano, substituídos pelas provas de aferição em anos intermédios no 2º, 5º e 8ºano gerou alguma inquietação por parte das escolas que olharam desconfiadas para esta medida alterando, já em processo de arranque do ano escolar, rotinas sem tempo suficiente para uma maior maturação da ideia. Perante a situação o Ministério da Educação decidiu reformular e optou por delegar nas escolas a decisão de realizar as provas de aferição no presente ano ou no próximo ano letivo. Fui e sou favorável a esta medida se as provas servirem efetivamente para perceber, com critério, as áreas que carecem de uma intervenção estruturada e atempada sem a habitual resolução “chapa 5” igual para todos.
- A ideia de um professor tutor como forma de criar uma proximidade mais individual com o aluno. Esta medida tem como objetivo a existência de uma referência, em contexto escolar, que permita um percurso mais sustentado.
Este é um aspeto que considero ser fundamental, mas que coloca algumas reticências no que diz respeito a quem e como vai desempenhar esta função. Tal como defendi n Blogue Comregras ” Esta medida não pode ser vista como mais um encargo escolar, mais um “trabalho” atribuído “arbitrariamente”. Desempenhar esta função é o que pode permitir fazer a diferença num sistema educativo ainda muito escravo do currículo."
- As reuniões de avaliação no final do ano letivo foram marcadas por uma diretriz do Ministério da Educação que apontava a retenção como última medida a aplicar, especialmente em anos de transição. Este ponto suscitou diferentes reações e entendimentos criando inúmeras situações de voto a menções negativas que haviam sido atribuídas aos alunos de modo a evitar a retenção a todo o custo.
De todos os pontos aqui mencionados este foi, provavelmente, dos mais sensíveis. Desencadeou situações, em muitos casos, incoerentes premiando algumas atitudes pouco adequadas e uma alguma arbitrariedade aleatória na atribuição de notas. Este é mais um exemplo de como uma legislação à partida bem concebida pode trazer diferentes entendimentos ou tomada demasiado “à letra”.
Recordo aqui o texto que escrevi sobre as retenções.
http://pedimosgomascomoresgate.blogs.sapo.pt/na-giria-do-chumbar-ou-passar-5441
Na categoria de “lufada de ar fresco”
- O despacho normativo 1H – 2016 que vem salientar a necessidade de os alunos com Necessidades Educativas Especiais, nomeadamente dos alunos abrangidos pela alínea e) Currículo Específico Individual, poderem estar integrados em mais disciplinas sem ser somente as áreas de expressão (como é comum). Esta medida vem no sentido de tentar quebrar um ciclo, que existe em muitas escolas, de que estes meninos com Necessidades Educativas Especiais pertencem apenas ao Departamento de Educação Especial.
- A necessidade de reavaliar os alunos que são abrangidos pelo Dec.Lei 3/2008 no sentido de analisar com rigor as excessivas referenciações. Temos assistido a aumento crescente de crianças com o rótulo do "especial" que em algumas situações são resultado de avaliações pouco precisas devido a diferentes formas de interpretar a lei (muitas escolas têm entendimentos diferentes relativamente ao estipulado na legislação).
- Um outro aspeto a salientar, que todos os anos faz correr muita tinta, alvo de críticas constantes e pesadelos junto do Ministério da Educação - o Concurso de professores. Este ano existe a indicação de que os professores serão notificados mais atempadamente das suas colocações existindo assim indícios de um processo mais humanizado. O facto de todos os docentes que perto do prazo final para a candidatura ainda não tinham submetido a manifestação de preferências terem sido contactados telefonicamente ou notificados por mail para não se esquecerem de o fazer, revela uma atitude menos mecanizada e mais humanista.
A sensação de não sermos mais um número permite um olhar e ligação diferente para com um Ministério que nos últimos anos tem sido o bicho papão, confuso e cinzento mas que começa agora a surgir com uma atitude mais apaziguadora.