Saltar para: Post [1], Comentários [2], Pesquisa e Arquivos [3]
A minha visão sobre Educação. As várias visões sobre Educação e todas as suas (e nossas) variáveis.
Aconteceste e foi muito bom. Uma notícia muito feliz.
A mãe assustou-se um pouco. O pai muito.
A mãe não disse nada durante três dias. Estava a pensar.
Estava a pensar naquilo que parecia um milagre e que vinha como um tremor de terra, daqueles que abanam o nosso corpo, especialmente a nossa cabeça.
O pai foi fazer surf no dia em que soube. O mar sempre foi para ele um amigo. Num determinado sítio mais distante da terra, sempre ajudou a encaixar peças mais devagarinho.
A mãe ficou na areia a olhar o mar. O sol também ajuda a encaixar peças.
A barriga foi crescendo assim como o coração que ora aumentava ora encolhia. Estava confuso.
O pai também. O coração dele andava acelerado e a cabeça também.
A mãe estava bonita diziam. Cabelo forte, pele brilhante, barriga bonita e sorriso gigante.
O pai continuava confuso. A mãe estava diferente.
Mexeste pela primeira vez. Era Setembro. A mãe estava sozinha num mês em que o coração estava pequenino. Mas esse dia foi o dia de Setembro em que o coração ficou grande, muito grande. O pai tinha de saber. A mãe gostava de dizer ao pai quando o coração estava muito grande porque ficávamos felizes.
Os meses foram passando. Era quase Fevereiro. E tu, estranha criatura (estranha porque não nos conhecíamos ainda) arrancavas muitos sorrisos e algumas noites sem dormir (a barriga já era muito grande).
Ainda na barriga sentiste tudo isto e sentiste muitas peripécias. Sentiste o coração ora grande ora pequeno da mãe. Muitas vozes. Muitos silêncios também…
No final de janeiro começaste a dar sinal.
Dia 11 de Fevereiro a mãe ligou ao pai. O pai era do surf mas também do BTT. O pai arrancou a grande velocidade. Caiu e tudo (está filmado na GoPro) e fomos ao hospital.
Ainda não era. “Vai ser no dia de Carnaval” dizia a enfermeira.
E foi.
Houve duas Joanas que te ajudaram a nascer e uma médica, a Graça, com antenas de joaninha (porque era Carnaval) que te tirou.
E tu pequena-estranha-criatura-muito-bonita-desde-o-momento-zero, vinhas de olhos bem abertos com a inevitável expressão esbugalhada “O que é isto?”.
Eras uma pequena estranha criatura bonita (estranha porque nos íamos agora finalmente conhecer), muito bonita de cabelo farto e olhos grandes.
E começou a aí outra história. O samba de Maria Luísa.
O coração que passava de grande a pequeno (mas sempre grande) muitas vezes ao dia, durante vários dias, encontrou uma nova forma.
És a Maria Luísa a cabeluda, que já tem um ano. Que faz beicinho quando dizemos “não”, que diz “gato” com uma uma total convicção nas duas sílabas, que não aguenta ver o outros comer e ela não, que mais houvesse e comeria. A que não passa sem a fralda no rosto para dormir, que já dorme a noite toda (graças a Deus!) a que abana o corpo e a cabeça ao som da galinha põe o ovo, a que durante meses foi igual ao velhote do filme UP quando começava a chorar, a que faz as delicias dos avós e a que fez a mãe gostar de cor de rosa e escrever textos como este.