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A minha visão sobre Educação. As várias visões sobre Educação e todas as suas (e nossas) variáveis.
Conheci o escultor Daniel Leite Mendes recentemente. Não foi preciso muito de tempo de conversa para perceber a entrega que tem à vida, aos pequenos pormenores que observa e a leveza das palavras e dos gestos. Não sou a maior entendida em escultura, mas sei apreciar a beleza e a importância artística no nosso mundo e o quão fundamental é no desenvolvimento educacional. A expressão artística tem a capacidade de nos resgatar, de arranjar substitutos de vida e de nos permitir conhecer e dar a conhecer.
O Daniel é dotado de uma enorme sensibilidade estética e artística. Sonhador, terno, observador, intenso, pés na terra e alma enorme. Aprendeu com o pai a função de marceneiro, passou pela arquitetura, pelo desenho e descobriu a paixão na escultura. A sua primeira obra foi aos 21 anos anos, altura em que estava nos Açores. Passou de rostos, a linhas mais curvas, mais femininas, pueris mas intensas, são de pedra, mas são leves.
A sua próxima exposição será no Lx factory e deixo aqui uma breve entrevista.
1 - Daniel, entre as várias formas de expressão artística porquê a escultura em pedra? Que percurso ou vivências te levaram até aqui?
Apaixonei-me pela “personalidade” da pedra nos açores, onde comecei com curiosidade de a esculpir. A sua textura, volume, dureza... Ao trabalha-la gostei de sentir que ela, com os seus veios e características puramente naturais, ajudava-me na criação mostrando formas, “comunicando” no que se quer tornar. Fiquei encantado.
2 - Deves ouvir muitas vezes esta pergunta, mas interessa-me o processo e não o como. A inspiração nasce de onde? A peça que idealizas ao inicio é a mesma que constróis no final?
A inspiração nasce de algo no fundo muito pessoal que muitas vezes passa por algo que precisa ser trabalhado, cuidado, assumido, materializado, contemplado, venerado.
Depois no processo criativo, materializar a ideia, muitas vezes vai alterando pelo que referi na pergunta anterior, e com a viagem no “tema” flui sempre algo mais belo, libertador e mais de encontro ao que em verdade se constata que se desejava fazer. É lindo!
3 - A família pode ser um facilitador ou uma barreira nas escolhas que fazemos para a nossa vida. Como foi a resposta da tua família ao caminho que escolheste?
Tenho uma gratidão enorme para com o meu pai que me encaminhou e passou a sua sabedoria de como trabalhar com as mãos e a madeira.
A Arte/Escultura a ideia não foi recebida de braços abertos no seio da família. Devido a demasiada humildade não aprovou muito bem a ideia de “artista”.
4 - Tens exposto o teu trabalho em vários espaços onde a aceitação tem sido muito boa. Como vês o mundo da arte em Portugal?
Vejo que muitas pessoas apreciam arte mas poucos a adquirem.
Vejo também que quem adquire não abre muito “oportunidade” para novas pessoas com dom preferindo investir em artistas de renome.
5 - Qual o impacto que esta expressão artística teve e tem na tua vida? De que forma te descobres com ela?
O mais precioso, perceber, sentir, porque o meu pai ficava tanto tempo a contemplar os móveis que fazia…
Dá-me quietude. Quando crio simplesmente existe isso..é uma entrega ao momento que necessito para me encontrar e sentir que realmente estou a criar algo muito meu. O que me realiza enquanto ser humano. Aquilo que não encontro no dia a dia na sociedade.